quinta-feira, 14 de março de 2019

Café_DIÁRIO_A leitura é a generosidade


A leitura é a generosidade 

A leitura é a generosidade aberta para todos... É a amplitude formada por símbolos escolhidos para esclarecer o que se deseja conhecer e dar a conhecer. Manifestação de conhecimento aguardando o momento de ser interpretado. E é aqui, nesta disposição de linhas com palavras formadas por símbolos, dispostos a acolher a sua disposição, que é gerada a descodificação de uma simples leitura.

Observe que entre certos vales deslizam águas calmamente amparadas pelas montanhas, vestidas de verde e pedras rochosas, quer na margem direita, quer na margem esquerda, então as águas seguem o seu percurso sem atritos até ao momento de desaguarem no local que lhes foi cedido pela imagem natural de serem guiadas até ao seu leito. Nenhuma linha foi desenhada na diagonal, são linhas com vértices por vezes bem vinculados de acordo com o seu clima. De branco, vestem-se os cumes em pelo menos uma estação do ano. Quase oriundo, seu manto é singelo e muito extenso na planície encostada, permanecendo horas sem se desfazer. É num estado gradual que prefere ser desfeito. A luz intensa multiplica-se em volta da colina dando-lhe um estatuto de fortaleza. Quanto mais alta, mais brilhante, e mais inatingível parece ser, mas pode não o ser. O azul entra nas águas e assemelham-se ao céu, confundindo o olhar, tal é em cima como em baixo, de tão abrangente que é o inevitável reflexo. Mais ao longe, brotam quedas de água, uma aqui, e outra ainda mais bela, está mais além, e não é pintura. As cordilheiras sucedem-se no horizonte e esgueiram ao olhar que é estático nessa inflamável, porém calmante visão. Complementa-se com segmentos retraídos pela miragem ausente de uma pequena praia com água cristalina que nasceu não se sabe de onde?... Os olhos moribundos relaxam confrontados com tanta beleza! Nada de congestionamento... Então, não se para. Os dedos dos pés enterram-se na areia fina e branca, parece que corta, mas nada os faz sangrar, pelo contrário, sente-se a cura momentaneamente. Os raios reforçam o instante do que era desconhecido. A leveza sente-se premiada pela felicidade de se conseguir ultrapassar as emoções que pareciam causar um peso maior do que o tamanho do rio que corre entre as belas e sedutoras montanhas de uma serra. 

Interpretante e ciente de modestas palavras criadas ao som do vento que me revitaliza neste ciclo gestual, ambulante e transformador, pode ser assim escolhido para soltar-se e voar até aos cumes mais altos numa leitura sem pretensões majestosas, mas alucinantes de criatividade auspiciosa e credível entre sonhos e angústias de horas que se dissipam como fumo logo que lhes seja permitido deixá-las ir para criar novo espaço de acolhimento para algo sempre melhor. Creio que sim. E você?

                                                                                                                                  G.L.

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