terça-feira, 12 de março de 2019

Café_DIÁRIO_É tempo de fazer acontecer?

É tempo de fazer acontecer?

"As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser tocadas ou vistas - devem ser sentidas com o coração" (Helen keller)

O sol ainda não nasceu... Cinco e trinta da manhã. O sossegado é brutal. Sente-se que tudo é capaz de entrar pelos buracos das fechaduras, entrar sem pedir licença, sentar-se e deixar-se estar sem correrias, sabendo que dessa forma consegue incutir a alegria de estar presente e ficar a observar. Apenas observar!... De relance, o único ato de observar passa a ser escutar em simultâneo porque um canto desafiador e melodioso faz-se ouvir a alto e bom som sem modéstia nenhuma. Insistente e repetente vai dominando o silêncio anterior de quem madrugou um pouco caindo em sonolência profunda. As notas estoiram pelo ar e sobem como se parecessem bolas de sabão a emergir pelo ar da noite escura e serena. Um sorriso é esboçado nos lábios de pelo menos um rosto que reabre os olhos meio adormecidos e preguiçosos, mas atentos ao frenético cântico da personagem madrugadora que nem sabe descrever fisicamente, pode ser pelo cansaço que ainda vigora ou pela dúvida de quem quer que seja. Porém o sentimento está no auge, está nesse momento muito dedicado em ouvir a melodia que sobe e desce, com os seus agudos transparentes e límpidos de muita experiência... Lembranças do tempo da bicicleta azul que deslizava sem preocupações, em que os segundos pareciam horas a passar invadem o pensamento e nasce mais um sorriso revestido de ternura.

Subitamente, o despertador desperta, o coração acelera, o corpo estremece, as pernas esticam-se assustadas, as costas levantam-se, a cabeça pede mais almofada, o olhar dirige-se para o relógio: 7:15. Os segundos mantêm o seu ritmo certo de passagem, os primeiros raios de sol entram como podem pelos espaços entreabertos da persiana, e o sossego desalinhou-se devido às viaturas que aceleram na rua... Até a troca de mudanças entoam nos tímpanos a alta velocidade... É dia, são horas de levantar. É tempo de fazer acontecer?...

                                                                                                                  G.L.

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