segunda-feira, 4 de março de 2019

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Regalo de primavera

Naquele tempo. quando andava descalça pelos campos verdejantes em plena primavera, isso era o que mais queria, muito entusiasmante, seria um regalo de primavera?... Mas já as papoilas dançavam tranquilas no seu palácio real. Parecia que eram coroadas como se fossem delicadas princesas mostrando realezas sensuais em cada um dos seus movimentos convidativos. Havia um amplo espaço que se cobria maioritariamente de verde e a terra fresca reaparecia mais tarde, pronta para receber a semente da época. Mas, era tanta a canseira nesta altura do ano que as andorinhas não tinham descanso. Como seriam as suas vidas? Acreditava-se que era um imenso jardim pintado de púrpura que nunca morria, porque todos os anos renascia, quase como um ritual, um momento de ascensão divino porque havia a colaboração de todos e de um... E assim, de ano para ano, eu ia-o admirando cada vez mais! 

Grandes grupos de malmequeres amarelos colaboravam na dança como convidados eternos que sempre estão presentes quando mais se desejam. E chegam sempre a horas sem esperarem retribuição em troca. Simplesmente, estavam presentes em todas as ocasiões. Naquele jardim, olhava, olhava e fixava-me a olhar a formosa dança das plantas, sobretudo a das papoilas, e percebia que nenhum homem ou mulher as havia semeado ou plantado ali, naquele jardim campestre, elas é que decidiam, quando chegada a sua hora, crescer lá, espontaneamente. Nesses instantes, dos meus lábios nascia um sorriso de entendimento. Assim me parece?...

Às vezes, abro os olhos e vejo esse cativante jardim sem nome, porém, que me pertence e a si também, pelos cuidados com que é tocado no coração, pelas paisagens ultra coloridas sem haver um único pincel na mão de quem o desenhou ou aprimorou. Tudo tão perfeito!?... Acompanhando a passagem do tempo. Tudo tão estimulante para a regalia dos sentidos observadores que delicadamente veneram o seu espaço de encontro ao vento. Que empatia!... Não é o acaso, é assim que é e é assim que as olho, completamente enraizadas em suavidade e maciez junto do seu coração, no seu lugar. E tudo está bem feito?... Se me dedico a falar dos detalhes deste jardim, poucos corações me entendem, poucos acreditam e outros sabem do que falo, porque aprenderam a observar, a ouvirem-se e ainda vêem o mesmo que eu via naquele tempo num jardim natural, autêntico a germinar através da força criadora que a todos satisfaz com elevadíssima beleza como se nada ressurgisse do nada, mas sabemos que é algo mais influente e poderoso. Que lhe parece?...

                                                                                                                                                  G.L.

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