sábado, 27 de abril de 2019

Os búzios

poema; os búzios
Os búzios

Os búzios espalhados nesta praia,
Murmuram, chamando pelas ondas
Que aguardam o seu melodioso som.
Enquanto caminho, anseio o convite
Da melodia que alcançará as estrelas...

E, de vestes frescas, brancas, esvoaçantes
Deslizo levemente sem dar sossego à areia.
As dunas evaporam-se ao som do seu nome
E tocam o meu rosto, num toque refrescante
Que vão fortalecendo o peito em cada batida.

Tantos salpicos, muitos, incontáveis nesta caminhada
De aspirações doces, que se tornam repletos suspiros
Onde milhares de emoções dançam nas pupilas escuras,
Ora sorridentes, ora incrédulas, porém ténues de sonho...

                                                                            G.L.





terça-feira, 23 de abril de 2019

Café_DIÁRIO_Afortunada

Afortunada

Sabiamente afortunada de tranquilidade seria perfeitamente razoável e consequentemente adversa a sua personalidade desviar-se da aparente perfeição...

Modéstia à parte e entenda-se se cada sentimento estivesse dentro de um frasco fechado? Poderia ser alternadamente interessante observar a impossibilidade de respirar e ter de confrontar-se com todas as partículas que são os seus haveres. Certamente, poderia conhecer-se melhor e apreciar cada parte de si. 

Contudo, poderia haver uma infinidade de sentimentos que saltariam para fora da tampa, e uma explosão poderiam desencadear, mas não é preciso nada disso. Não, não seria preciso inverter o seu "estado de fusão". Aprecia-se apenas a necessidade de soltar-se, de emergir das águas mais profundas que se desconhecem até certos momentos de revelação e circunstâncias que afluem em certas horas... Parece um desacordo entre as partes, companheiros de sempre, mas que trabalham em união como se reagissem para melhorarem o que pode ser bem melhor. Às vezes, provocam demasiado cansaço. Parece trabalhoso prosseguir para uma meta mais eficaz e concreta, mais bem definida, mais alinhada, mais estimulada para o objetivo final de seja aquilo que for neste extremo segundo em que nada se conhece e tudo é dolorosamente descabido, sem pensar, sem aparência nem uma única forma deslumbrante de anseios, sem motivo de apreciação, ou ainda, sem razão de ter de ser. 

Entretanto lembra-se de que é uma mudança... Ora, como todos as mudanças, algo tem de ficar para trás senão a bagagem fica demasiado pesada, então, alguém se liberta sem saber de quê! Porém fazem-se opções que são válidas para quem as aceita porque voltar atrás, pode não ser a escolha certa porque poderá ressurgir a visualização de um frasco fechado. 

                                                                                                                           G.L. 
                                  

O espelho

O espelho

Manifestamente, o espelho está ali,
Está de frente mostrando a imagem
Do que se pode ver diretamente. 

Por muito estranho que possa parecer
Está a parecer-me que nem sempre
Ele consegue ver tudo o que se deseja. 

Haverá alguma razão 
Que nos é naturalmente desconhecida? 

Existem as profundezas... 
E se escrevo apenas profundezas, 
Elas, no seu pensamento, aparecem indefinidas. 

Não se preocupe, 
Pois no meu também o são 
Porque não as entendo, 
Apenas as sinto como parte de um todo. 

                                                                     G.L.


segunda-feira, 22 de abril de 2019

Excerto_ A Árvore e o Pássaro, 2018

"Aquele que mais se desejou
e se reviu
na hora de sentir que assim é,
e assim será,
porque o voo é infinito
para quem quer que acredite!"

in (A Árvore e o Pássaro, 2018) - Graciete Leite

terça-feira, 16 de abril de 2019

Magnífica_Notre Dame

Magnífica

Magnifica e sombria,

Vi-te pela primeira vez.
Mas não me assustei.

Cautelosamente,
Entrei, sentei-me e observei-te.

Fortaleza formosa,
De resistência abrasadora!
Admirável pelo mundo aos teus pés...

Sublime e solene no tempo,
Furiosas chamas abalaram-te
E a fragilidade tomou conta de ti
Perante os olhares crentes e incrédulos,
Tombaste, deixando-nos a dor e tristeza!

                                                               G.L.

Espuma

Espuma
Espuma

Eleva-se,
Cai e adormece.
Entra e refresca-se no seu
E no meu, mundo ondulante!

Desmaia de tanta liberdade.
Prefere vestir-se de branco singelo e calmo,
Mas é confrontada com cores indesejáveis...

Nada e vibra, mas oscila entre alto e baixo.
Depende sempre da velocidade ondulante!
Jamais, desiste!

                                                                G.l.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Café DIÁRIO_Fontes de calor

Fontes de calor 

Fontes de calor manejam a certeza de novos desafios. É uma emboscada que parece desafiante e determinada em escoltar as redes de lançamento sem tréguas. Permita-se abrandar. Deixe de procurar o que já possui, aquilo que já é seu. 

Os espaços abertos procuram incansavelmente uma razão daquilo que parece ausentar-se antes de ainda estar pronto para se mostrar. É como quando as águas que estão a deslizar pela corrente de qualquer rio encontram um obstáculo... Ora, esse, ou terá de aguardar até que a força da corrente o vá desviando e girando, possivelmente criando contornos diferentes e com agilidade para que consiga soltar-se para avançar pela determinação escolhida do antes da sucessão de acontecimentos que deram origem a uma pausa causada sem qualquer aparente pretensão inicial nunca pensada... Ou, alguém lhe deita a mão e poderá sentir-se que vai haver algum esforço, todavia também pode ser com um simples gesto delicado, mas firme, e conseguir desviá-lo rapidamente da desconfortante situação de estagnação em que se encontra, e assim é quebrada e pode-se prosseguir de novo pela corrente abaixo.

O encontro com o calor que maneja as certezas pode ser inercio porque apenas pode ser e pouco, ou quase nada poderá fazer em certas circunstâncias. A facilidade nem sempre faz parte da ação, mesmo que se deseje que não seja dessa forma. Isso é claramente uma certeza que realça à vista ao longo do tempo. É ser-se um pouco visionário para determinadas soluções que parecem invisíveis a olho nu. Claro que há a maravilhosa diversidade de muitas projeções fluentes se alinharem com o que foi previsto, e tornam-se numa certeza evidente perante certos factos, mas esta certeza, nunca poderá ser definida como verdade absoluta. Os desafios rondam a cada segundo de vivências. O que está como certo, mais adiante pode não ser assim, e o mais desafiante nisto, é a alternância desta ingénua afirmação. Por exemplo, a "terra já foi olhada como redonda". Hoje, não é bem assim...

                                                                                                                                    G.L.


terça-feira, 9 de abril de 2019

Em desuso

Em desuso. Pintura acrílica
Pintura acrílica - Graciete Leite

Tudo moderno...
Cresceu a população. 
Mesmo querendo muito
Não o conseguem em pleno. 
Acreditam que é assim que se vive.
Que houve explosão diante do tempo.

Nasci numa tarde tranquila e acolhedora.
O meu nome é aquele que bem lhe parecer, 
Porque pertenço um pouco a todos os locais,
Estou sempre presente, rodeada de aldeias e ilhas
Para a infinidade permanente que está à minha frente. 

Mas vou continuar por descrever a ideia antecedente
Que tinha antes de ter chegado a este flash muito repentino...
Ouve-se: - Agora não se usa, está em desuso. Quem sou afinal?

                                                                                                                                  G.L.                                                                                        






Excerto_ "A Árvore e o Pássaro "

"Sobe à montanha de cristal,
e ensina-me o caminho
da purificação e da leveza central
que revejo nos meus sonhos mais leves,
mesmo carregados de poesia descodificada.

Nessa poesia despida de palavras,
quase simular
que desejavam sair
para escutar e alcançar
o espaço leal e fiel a si mesmo.

- As fases que se inventam?
Essas que se desculpam
de andar desorientadas,
acreditar em tudo o que foi ensinado
e que causam tormento
sem saber de onde chegam."

                                                              G.L.

sábado, 6 de abril de 2019

Após O PÔR DO SOL


Após O PÔR DO SOL é um poema, com mais poemas. E a poesia é criada pelas diferentes sensações inspiradoras em forma de versos que contêm palavras desafiantes, muito reveladoras de sentimentos ou muito mais, para alguém ver ou sentir, as melhores perspetivas e saberes em determinadas circunstâncias da vida porque, vale a pena viver até ao último suspiro...        


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                                                                                         G.L.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Excerto_obra não editada

" Numa bela tarde, como outra qualquer, estava ela a pescar descontraída e relaxada. Sim, porque sempre lhe disseram que pescar, relaxava o pensamento e o corpo. Não era a sua primeira vez em que estava a pescar. Mas, naquele dia, estava a adorar. Só havia um problema, não tinha apanhado nenhum peixe, aliás, como sempre assim sucedia. Monja, não entendia porque os peixes fugiam das mulheres.
Os colegas pescadores, riam-se e faziam troça por ela levar o balde sempre vazio. De todas as vezes que a viam de cana de pesca dirigida ao rio, comentavam:
- Mas o que quer afinal esta mulher? Peixes não apanha, conversa não nos dá. Fica de queixo levantado a olhar para o horizonte como se visse nele a sua figura... E riam.
Ora, Monja, observava-os de longe. Sabia que troçavam dela. Mas também sabia que eles nada sabiam e gostariam de saber o que ela sabe e deseja.
Passava uma hora, passavam duas e ela sem pescar, relativamente nada. Mas nesse dia sentia que se pudesse levar um peixe para casa, poderia acabar com a risota dos vizinhos do lado.
Estava já a tarde a passar e sentiu-se a desanimar por afinal se repetir o mesmo e seria chacota de riso. Num piscar de olhos, a sua cana de pesca começou a mexer-se. Ela começou logo a puxá-la como se um tubarão tivesse caído ali por engano. Logo se acalmou, e pensou em como seria gratificante levar um bom peixinho para o jantar, quando de repente ouviu uma voz:
- Larga-me! Larga-me!
Ela assustou-se logo e largou a cana de pesca. Os outros pescadores, espantados porque não entenderam tamanho constrangimento. Monja, olhou de relance para eles, recompôs-
-se e percebeu que tinha exagerado. Que algo na sua imaginação a estava a envergonhar ainda mais. Devagarinho, sentou-se na pedra e tentou apanhar e endireitar a cana de pesca e disfarçar aquele momento, com o seu habitual bem estar perante as circunstâncias que se aprontavam nas suas ações diárias. 

Passado algum tempo, já mais calma, ela voltou a olhar para a água. Lá estava o bichinho, com o olhar bugalhudo, a olhar para ela fixamente. Era parecido com um punho, como se fosse um troféu, amarelado e arredondado. - Bem... olhar tu olhas, mas não falas, pois não?... – pensou a mulher, ainda duvidosa.
- A verdade, é que falo mesmo. E é contigo que estou a falar.
A mulher, cheia de tiques, ainda nervosa, dá um retorno com a cabeça para trás e de mão na boca, perguntou incrédula: - Ah é... Olha, e quem és tu?
Ela, ainda curiosa, sentiu que tinha muitas perguntas para fazer àquele estranho animal, mas nesse momento era a que mais queria saber porque não tinha a resposta na ponta da língua para o que estava a acontecer-lhe, naquele dia.
- Sou o Invisível, e antes demais, obrigado por teres largado a cana. Agora, deves estar a perguntar-te que espécie sou eu? Pois bem. Faço parte de uma espécie muito rara, tal como tudo o que é invisível aos olhos de quem não quer ver. Vivo em lugares fantásticos, daí a minha essência não ser detetada por todos.
- Invisível! - Sim, mulher! Invisível! E não comeces agora a reagir como se fosse algo que não vês. Estás a ver-me, não estás? A mulher, espantada com a criatura, ficou sem palavras. Por um instante, teve vontade de se atirar à água e refilar com o bicho que a estava a desafiar. A seguir, teve vontade de saber o que se estava a passar com ela. Questionou-se se estaria a dormir, e a sonhar, ou doida. Ou então mais sabiamente, porque teria sido escolhida por aquela criatura.
Subitamente, o seu pensamento é interrompido: 
- Queres ir comigo ao fundo do mar? Sem pensar nem hesitar, nos seus interesses mundanos, acenou-lhe com a cabeça que sim, e disse-lhe: - Não sei nadar. A tua pergunta não é comum a nós. O fundo do mar... Como conseguiria respirar?
- Dar-te-ei a beber o liquido secreto de respiração debaixo de água. Ele perdurará enquanto acreditares no que é invisível aos teus olhos. A partir do tempo em que deixes de acreditar, o efeito acabará e acordarás onde sempre estiveste.
A mulher, entendeu que o olho bugalhudo sabia o que pretendia. Era como se a conhecesse, pois ela sempre sentiu desejo de conhecer o fundo do mar. Assim, aceitou o convite que lhe foi proposto. Invisível lançou-lhe um líquido extraído do seu corpo, uma espécie de pé que se abriu e evaporou borbulhas estrelantes que se desprendiam de si de baixo para cima e vinham na direção da mulher. Em rotação vertiginosa, como um satélite, lá foram com destino ao fundo do mar. A mulher nem queria acreditar no que estava a ver, peixes de milésimas cores, algas e corais multiplicados, de tons bonitos como flores de jardins do Édipo, pedras dos mais estranhos formatos... Aquilo era tudo fantástico, os peixes, não havia nenhum igual a outro, e quando viajavam em cardume, era mesmo belo e divertido. Os corais eram a sensação de estar-se fora da realidade, mas quando a mulher se picou num, não sentiu tanta admiração por eles... Mas, depressa se esqueceu deste pormenor e logo usufruiu da beleza que estava a ver. Nada é comparável para se poder igualar, ou então pouco sublime.
A mulher sentia-se tão feliz, que se esqueceu de onde vinha e porque estaria ali, naquele lugar de encantamento."
                                                 (obra ainda não publicada)                                                                                                                                                                             G.L.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Café_DIÁRIO_As temperaturas sobem

As temperaturas sobem...

As temperaturas sobem, o ar é estrelejante, o povo liberta-se dos agasalhos e a esperança existente em cada coração gentil, renova-se no centro das multidões que apressadamente soletram as passadas para chegar mais longe, ou pelo menos, ao que se destinaram fazer, nestes dias soalheiros, confusos pelo calor, sem nada prometerem até ao fim do que quer que seja.

E a chuva? Parece que desapareceu, pelo menos por enquanto. - Ó mal de nós! Alguém exclamou enquanto trocava duas palavras atenciosas com a mulher que freneticamente enchia os cestos de pão fresco... Que cheirinho! Isto pensei eu... Enquanto o cheiro do pão fresco saído do forno ia entrando pelas escapadelas da padaria e entrando pelas narinas, seduzindo-me... Elas continuavam a predizer o que lhes ia na alma, nesta manhã tão asseada e airosa.

 - A chuva, não me diga nada?... Não é que semeei umas alfaces e já podiam estar cá para cima, e ainda nem sinal delas?... Se assim continua, vai ser bonito, vai, vai... Atenciosamente, muito confiante e cheia de sabedoria, a senhora idosa, de bengala na mão, com um sorriso contagioso, olhar profundo, brilhante e meigo, disse-lhe: - Imagine que a chuva está a cair no telhado, que é onde faz sempre barulho, e ela não tardará a vir.

De seguida, quem freneticamente trabalhava, levantou as costas e parou... Parou como se talvez nunca tivesse esperado fazer uma pausa imediata. Olhou a outra senhora pensativa... Talvez lhe quisesse perguntar ou responder algo, no entanto nada lhe disse. Todavia, penso que lhe foi impossível, pelo desejo tão expressivo que demonstrou enquanto enchia o cesto de pão, não visualizar a imagem da chuva caindo sobre o telhado. Se foi sobre o seu, ou de outro alguém, não o sei!?... Mas o seu rosto mostrou-se satisfeito com o conselho oferecido, sem reclamações, e muito menos, obrigações, apenas consentiu em utilizar a imaginação. De acordo com a visão sábia da idosa, isso seria o suficiente para que a abençoada chuva de primavera aparecesse. Como se não bastasse, além de elas duas, também não me foi possível abstrair-me de idealizar, nestes dias de temperaturas mais altas para a época, segundo os meteorologistas, pois os entendidos são eles, e poder imaginar os pingos da chuva a caírem nos solenes telhados de cada casa, para assim, saciarem a sede das plantas e outros demais. Simplesmente, imaginar. Imaginemos então... Imaginemos as melhores coisas, sempre! 
                                                                                                                                               G.L.

terça-feira, 26 de março de 2019

Pauta triunfal

Pauta triunfal

A pessoa que te feriu não é você,
Você é a pessoa que te curou!...
É quem escolheu a aceitar-se e esquecer a rejeição.

Preferiu a compaixão ao sentir a sem-vergonhice
É a pessoa que precisou quando sofreu...
E não aquela que te suprimiu!

A promessa é ser sempre melhor
Do que alguma vez, em algum lugar, o foi...
Procurar a solução é a alternativa infinitamente.

E assim, você é luz de amor na sequela da escuridão
E, é aqui, neste momento, que escutará a pauta triunfal!

                                                                         G.L.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Sorriso rasgado

sorriso rasgado
Belíssimo e cativante!

De sorriso rasgado, o coração vive
Pela perfeição, continua um sonhador!
De nada adianta, caso seja silenciador
Pois quando o sente é tremenda a dor...

Inquieto, acalenta-se pela noite viva...
Os cheiros transbordam de recordações
Ora azuis, ora ainda sem definição de cor,
Mas, carregados de imagens antecedentes
Que mimam os pensamentos já calejados.

Afago-os com eterna delicadeza e sabedoria
Remontando o quadro sabiamente como nutrição
Esperançada... Ah! Sim, sentimento renovador!
De sorriso rasgado, jamais me despeço de você.

                                                                                                              G.L.



sábado, 23 de março de 2019

A alegria

escritoragl blog
Beleza...

A alegria é a esperança
No olhar como o seu reflexo,
É nessa morada que anseia viver!

Mesmo naquela insinuante hora.
Essa, evidentemente fragilizada
Essa que parece tão desequilibrada
E desleixada, mas, insiste alimentar-se
Escolhendo um lugar de plena atenção.

Deixe-mo-la viver!

                                                                 G.L.



quarta-feira, 20 de março de 2019

Minhas mãos

primavera, papoilas
Papoilas na primavera

Ter "o mundo nas mãos" é uma bela expressão!
Mas aqui, eu sou feliz por poder abrir as minhas.

Quando as abro, das minhas mãos brotam flores
Num jardim  abençoado onde posso semeá-las.

Logo pela manhã, abrem-se o mais que podem
Para agradecerem a fartura do embelezamento.

Suaves perfumes fermentam o ar madrugador
Como se apenas as tulipas lá tivessem estado!

Elevo-as aos olhos pela sua elevadíssima leveza
Conto-lhes das maravilhas que o jardineiro faz.

Sou feliz por ser dona de tão gratificante jardineiro
Que me ajuda a semear, a colher pelo ano inteiro.

Confio no seu grande poder de me acompanharem
E na sua prontidão a que se prestam diariamente...

Salpicos de água fresca, são a sua morosa perdição
Porém, de ciúmes não se vestem nesta bela estação!

                                                                        G.L.



quinta-feira, 14 de março de 2019

Café_DIÁRIO_A leitura é a generosidade


A leitura é a generosidade 

A leitura é a generosidade aberta para todos... É a amplitude formada por símbolos escolhidos para esclarecer o que se deseja conhecer e dar a conhecer. Manifestação de conhecimento aguardando o momento de ser interpretado. E é aqui, nesta disposição de linhas com palavras formadas por símbolos, dispostos a acolher a sua disposição, que é gerada a descodificação de uma simples leitura.

Observe que entre certos vales deslizam águas calmamente amparadas pelas montanhas, vestidas de verde e pedras rochosas, quer na margem direita, quer na margem esquerda, então as águas seguem o seu percurso sem atritos até ao momento de desaguarem no local que lhes foi cedido pela imagem natural de serem guiadas até ao seu leito. Nenhuma linha foi desenhada na diagonal, são linhas com vértices por vezes bem vinculados de acordo com o seu clima. De branco, vestem-se os cumes em pelo menos uma estação do ano. Quase oriundo, seu manto é singelo e muito extenso na planície encostada, permanecendo horas sem se desfazer. É num estado gradual que prefere ser desfeito. A luz intensa multiplica-se em volta da colina dando-lhe um estatuto de fortaleza. Quanto mais alta, mais brilhante, e mais inatingível parece ser, mas pode não o ser. O azul entra nas águas e assemelham-se ao céu, confundindo o olhar, tal é em cima como em baixo, de tão abrangente que é o inevitável reflexo. Mais ao longe, brotam quedas de água, uma aqui, e outra ainda mais bela, está mais além, e não é pintura. As cordilheiras sucedem-se no horizonte e esgueiram ao olhar que é estático nessa inflamável, porém calmante visão. Complementa-se com segmentos retraídos pela miragem ausente de uma pequena praia com água cristalina que nasceu não se sabe de onde?... Os olhos moribundos relaxam confrontados com tanta beleza! Nada de congestionamento... Então, não se para. Os dedos dos pés enterram-se na areia fina e branca, parece que corta, mas nada os faz sangrar, pelo contrário, sente-se a cura momentaneamente. Os raios reforçam o instante do que era desconhecido. A leveza sente-se premiada pela felicidade de se conseguir ultrapassar as emoções que pareciam causar um peso maior do que o tamanho do rio que corre entre as belas e sedutoras montanhas de uma serra. 

Interpretante e ciente de modestas palavras criadas ao som do vento que me revitaliza neste ciclo gestual, ambulante e transformador, pode ser assim escolhido para soltar-se e voar até aos cumes mais altos numa leitura sem pretensões majestosas, mas alucinantes de criatividade auspiciosa e credível entre sonhos e angústias de horas que se dissipam como fumo logo que lhes seja permitido deixá-las ir para criar novo espaço de acolhimento para algo sempre melhor. Creio que sim. E você?

                                                                                                                                  G.L.

terça-feira, 12 de março de 2019

Café_DIÁRIO_É tempo de fazer acontecer?

É tempo de fazer acontecer?

"As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser tocadas ou vistas - devem ser sentidas com o coração" (Helen keller)

O sol ainda não nasceu... Cinco e trinta da manhã. O sossegado é brutal. Sente-se que tudo é capaz de entrar pelos buracos das fechaduras, entrar sem pedir licença, sentar-se e deixar-se estar sem correrias, sabendo que dessa forma consegue incutir a alegria de estar presente e ficar a observar. Apenas observar!... De relance, o único ato de observar passa a ser escutar em simultâneo porque um canto desafiador e melodioso faz-se ouvir a alto e bom som sem modéstia nenhuma. Insistente e repetente vai dominando o silêncio anterior de quem madrugou um pouco caindo em sonolência profunda. As notas estoiram pelo ar e sobem como se parecessem bolas de sabão a emergir pelo ar da noite escura e serena. Um sorriso é esboçado nos lábios de pelo menos um rosto que reabre os olhos meio adormecidos e preguiçosos, mas atentos ao frenético cântico da personagem madrugadora que nem sabe descrever fisicamente, pode ser pelo cansaço que ainda vigora ou pela dúvida de quem quer que seja. Porém o sentimento está no auge, está nesse momento muito dedicado em ouvir a melodia que sobe e desce, com os seus agudos transparentes e límpidos de muita experiência... Lembranças do tempo da bicicleta azul que deslizava sem preocupações, em que os segundos pareciam horas a passar invadem o pensamento e nasce mais um sorriso revestido de ternura.

Subitamente, o despertador desperta, o coração acelera, o corpo estremece, as pernas esticam-se assustadas, as costas levantam-se, a cabeça pede mais almofada, o olhar dirige-se para o relógio: 7:15. Os segundos mantêm o seu ritmo certo de passagem, os primeiros raios de sol entram como podem pelos espaços entreabertos da persiana, e o sossego desalinhou-se devido às viaturas que aceleram na rua... Até a troca de mudanças entoam nos tímpanos a alta velocidade... É dia, são horas de levantar. É tempo de fazer acontecer?...

                                                                                                                  G.L.